Boca a Boca

Com grandes atores e atrizes a nova série da Netflix, Boca a Boca, nos surpreende com tamanha qualidade de enredo e execução. Grace Passô, Denise Fraga e Thomas Aquino compõe um elenco de vasta experiência no núcleo adulto são apresentados novos talentos da atuação como Michel Joelsas e Kevin Vechiatto.
Estreada em 17 de Julho, Boca a Boca nos apresenta a cidade de Progresso. Situada no interior do país a cidade é dividida entre o seu núcleo, que é mais urbano, a colônia onde os trabalhadores moram e a aldeia, um lugar afastado da cidade e isolado socialmente pelos moradores de Progresso. Percebemos a cidade pelo ponto de vista dos jovens, como uma cidade cheia de conservadorismo e hipocrisias vindo dos adultos, entendendo assim o porquê de a maioria deles irem a raves clandestinas na aldeia.
Já no primeiro momento nos deparamos com a cena de Fran (Iza Moreira) encontrando Bel (Luana Nastas) caída no box do banheiro com manchas pretas nos lábios e daí começa o drama. Ao beijar alguém durante a festa Bel contrai uma doença que aos poucos ocasiona a perda de sentidos e é altamente transmissível pelo beijo. Desenrolando a história acompanhamos Fran, Chico (Michel Joelsas) e Alex (Caio Horowicz) fazendo a trilha até o primeiro contaminado para assim achar uma cura para os infectados.
Boca a Boca é uma série que representa o Brasil e é um marco nas produções da Netflix. Com tudo que pode acontecer numa cidade interiorana no Brasil,essa série nos mostra a relação patrão/empregado, os pilares da agropecuária e os preconceitos, e também os problemas nas formações familiares. Além disso, a série trata de uma forma muito afetiva e sem grandes dramas a relação homoafetiva de Chico e Maurílio (Thomás Aquino) que nos envolve pelo carinho e aceitação envolvidos sem tratar a relação como apenas sexo.
A grande questão da doença é ligada ao anestesiamento dos sentidos dos jovens. Dirigida por Esmir Filho (Os Famosos e os Duendes da Morte, 2009) a série nos traz a reflexão sobre a interação humana na modernidade, desde a qualidade até o modo que ela se dá. É perceptível, vendo as famílias retratadas nos episódios, a falta de diálogos, apoio e união entre pais e filhos da cidade, e como é assustador como isso pode sim retratar a realidade em certos níveis.
A qualidade técnica, fotografia e trilha sonora, é apaixonante. Boca a Boca enche os olhos com cenas cheias de cores neons e texturas que nos aproximam dos sentimentos dos personagens. A trilha sonora nos entrega nomes como Baco Exu do Blues e Letrux, e um misto de pop e rural com sintetizadores.
Minha opinião: Boca a Boca tem de ser assistida e discutida, por se tratar de prevenção de doenças, da realidade brasileira e por ser uma verdadeira obra de arte audiovisual. Disponível na Netflix, corre pra ver!
Texto: Gustavo Henrique
Revisão: Natália Paula